quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Não sou esperto, mas eu sei o que é amar


Me lembrei do filme do Forrest Gump, quando ele pede a Jenny em casamento, e ela refuta. Ele insiste:

- Jenny, porque você não me ama? Jenny, eu não seria um bom marido?
- Ah Forrest, não é isso, é que...
- Jenny, eu não sou um cara esperto, mas eu sei o que é amar!



Forrest Gump tinha um tipo de retardo. Mas sempre foi capaz de reconhecer a maldade das pessoas, e faziam era maldade com ele. E sempre preferiu se guiar pelos exemplos de amor que teve.

Sabia que só foi admitido na escola porque a mãe "deu" para o diretor. Mas nunca a julgou.

Apanhava dos colegas, e por conta disso aprendeu a correr muito dos caras. Mas preferia se concentrar nas lembranças de quando Jenny vinha defende-lo. Ele amava essa amizade, e ela também.

Tudo que acontecia com ele, ele enxergava como um presente imerecido, inexplicável, um acontecimento...

Assim interpretou o fato de ser campeão de futebol americano universitário: ele era apenas um cara que corria muito.

Foi para o exercito, virou herói de guerra no Vietnã. Para ele, apenas não deixou seus amigos morrerem, resgatando a todos. Ele era apenas um cara que corria muito.

Cumpriu suas promessas de guerra, e foi pescar camarões na empresa que imaginara fundar com seu amigo Buba. Chamou para trabalhar consigo um de seus resgatados, seu Tentente [Tentente Dan], que passara a odiar a vida e a Deus por conta de perder as pernas.

Se tornou rico. Mas foi tudo um golpe de sorte, uma Graça.

Sua burrice não o impediu de registrar o momento em que o tenente Dan fez as pazes com Deus.

O Burro Forrest não abandonava os amigos.

O Burro Forrest não se apegou aos bens que adquiriu, nem deu a eles maior valor do que são.

O Burro Forrest não entendia de status.

Forrest ficou triste, e apesar de não ser inteligente, achou a vida monótona. Decidiu fazer a única coisa que sabia fazer. E correu, e correu. Virou celebridade. Seguidores apareceram, mas ele nunca os quis. Sabia que não era essa a sua missão.

Enquanto isso Jenny viveu todas as loucuras da geração dos anos 70, muita badalação, muitas drogas, muito sexo, muita fome de vida. 

Jenny ficou doente. E foi atrás do único amigo com quem podia contar.

Forrest cuidou dela, e descobriu algo que fazia melhor que correr.

Ele servia. Ele amou servi-la.

Ele pede a Jenny em casamento, e ela refuta. Ele insiste:

- Jenny, porque você não me ama? Jenny, eu não seria um bom marido?
- Ah Forrest, não é isso, é que...
- Jenny, eu não sou um cara esperto, mas eu sei o que é amar!

Ele soube. E eu, que sou esperto, tento aprender com ele...

Na verdade, o amor é, para além de ideologias e princípios, de teorias e mandamentos, para além da Hollywood da ilusão romântica ou da Cátedra de São Pedro da nossa imagem religiosa de Deus, para além de tudo e de todos, para mais que o inferno e da morte, o amor é uma atitude, uma escolha de alma, simples, de querer o bem. De querer ser o bem no outro.

Leo.


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