sábado, 28 de dezembro de 2013

Quebrando os circulos viciosos da mente



Me lembrei de um "feliz natal" dado por dois garis, no Jornal da Band, uns anos atrás, na maior felicidade. Simultaneamente ouve-se o áudio do âncora do jornal, Boris Casoy, que sem saber ser ouvido, fazia troça dos garis...

Minhas professoras de primário, desde a 1ª série, desde meus cinco anos de idade, nos estimulavam a estudar amedrontando-nos com a possibilidade de nos tornamos garis, caso fracassássemos nos estudos...

Meu primeiro emprego me dava muita vergonha. Eu era um adolescente de 14 anos trabalhando como entregador de leite. Morria de medo das garotas desistirem de mim, rs. Até que um dia tomei um tombo com minha bicicleta de leite no centro da cidade, espalhando minhas garrafas de leite em umas seis lojas.

Ora, concluí dali: sou o que sou, posso não ser o que imagino que gostariam que fosse, mais sou eu, um eu a ser melhorado, mas sou eu. E quem não gostar, paciência.

Acho que comecei ali o meu processo de individuação, como batizou Jung o libertar-se do meio para o desenvolvimento da persona.

Um enraizamento do verdadeiro eu no chão da existência do si mesmo.

Nós percebemos que temos opiniões diferentes, as vezes próprias, sobre vários assuntos. Nós percebemos que pensamos diferente dos outros, e percebemos que isso não é algo feio.

Nós percebemos a beleza do outro sem a necessidade de querer imitá-la.

Nós percebemos, e gostamos, de sermos nós mesmos, e mesmo quando percebemos alguns dos nossos muitos defeitos, desejamos sermos melhores, mais ainda sim nós mesmos melhorados...

Isso tudo é muito mais difícil e doloroso do que o texto sugere.

Porque rola insegurança, necessidade de ser aceito, medo de ficar sozinho, receio de ficando sozinho, ser humilhado pelos outros, medo de ser mal interpretado, e sofrer as consequências que isso produz... Enfim, bate aquele medo de não pertencimento ao grupo, à matilha, ao bando e todas as suas consequências.

Alguns demoram anos, as vezes nem alcançam em vida, o enraizamento do ser. Outros já parecem raízes ambulantes, olhos profundos, dilacerantes.

Mas enfim, o que isso tem haver com o evangelho?

Ora, tudo, rs.

A Cruz [a disposição declarada de morrer em pró da mensagem de Cristo e dos atos de amor que emanam dela] que cada discípulo de Jesus é chamado a carregar, e que implica em um negar-se diário do si mesmo, necessariamente nos despe dessa moda chamada mundo.

Alguns pensadores da psicologia chamaram o  sistema de superego, outros de inconsciente coletivo (claro, estou fazendo uma adaptação de conceitos que pretendiam ser mais amplos), mas de certa forma, todos concordam que existe uma carga de decisões comuns não aplicáveis a si próprios, e que sendo essas regras comuns entubadas goela abaixo do ser, produzem uma serie de pulsões, complexos, e até doenças psicológicas...

E graças a Deus, repito, a Cruz é a resposta para esse guarda-roupa antiquado do ser.

Na verdade, o evangelho nos despe, peça por peça, até ficarmos nus na presença dEle, para então finalmente nos desenvolvermos, como que alguém ficando livre de suas sapatilhas de japonesa, daquelas usadas para atrofiar os pés das adolescentes nipônicas.

O Evangelho nos tira das sombras interiores, faz a luz chegar até nós, nos curando, como quem se cura de uma doença de pele que se desfaz por um mero banho de sol, ou ainda, como quem perde o medo da sombra de monstros projetados na parede, que se desfaz quando vem a luz e se percebe que os monstros na verdade são ratinhos...

Bom, sendo assim, sendo o evangelho o potencializador máximo para tornar você alguém melhor, e mais, alguém único, porem, parecido com Jesus, como que com a imagem pessoal de si mesmo em Jesus, ora, sendo assim, porque não se alegrar com os garis felizes que dão feliz natal para todos.

E mais, se essa for a sua distinção, porque não ser um gari para a glória do reino de Deus?

Vale mais um gari feliz que dois médicos voando.

Porque ser o que os outros querem? Ou porque ser a imagem projetada de seu pai ou sua mãe ou sua namorada ou marido ou quem quer que seja?

Seja você quem você é! Porque mesmo que você esteja tão intoxicado com os estereótipos da existência, ainda sim, é melhor que você seja você!

Os vícios do ser, expostos à luz, tem grandes chances de serem corrigidos. E eu estou falando com quem quer. [Se você não quer, sinceramente não entendo nem porque ainda lê este texto.]

O contrário, o deixar-se esconder suas facetas piores, não o ajudará em nada. Porque na sombra, seus vícios só irão te adoecer.

É como chocar ovo de cobra. Um dia ela nasce, e te morde. As vezes mata.
 

Por isso, gente boa, neste ano novo, seja o gari de seu ser, limpe-se do máximo de lixo que você poder identificar. Esvazie da sua cáca existencial, abra espaço para o evangelho entesourar em você o que é, de fato, vida.

Queira, mesmo, quebrar os círculos viciosos da sua mente. Proponha isso para esse ano que chega.

Leo, pela Graça de Deus, de volta.