quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Falésia

Contemplo o mar.
Ele é meu.
Ele é vida.
Mas vem e vai. Vem e vai...
Devagarzinho, sussurrando sua melodia,
Desmancha meu trono.
Me deixa sem dono.
Se suja em meu barro. Vermelho de raiva.
O Sol também tenta deixar ele assim.
Em vão, é só imagem.
Eu, sou coragem, 
Eu, me derreto,
Eu, morro.
Nele, me dissolvo.
Mesmo sabendo, que é só um momento
Sôfrego, sem esperança, sem fé nem confiança
Porque não me reténs?
Logo voltas ao azul.
Me divides com o etéreo, 
Com o céu e com o inferno.
Mas um dia isso vai acabar,
E não será por falta de trancos e barrancos,
Eles são teimosos, 
Eles são muitos.
Pare de bater em mim!
Suba esse nível. Desça esse nível.
Me faz diluvio, me faz seca rachada.
Mas não seja constante. 
Previsível.
De lua. Ah, a Lua... 

Leonardo Cordeiro

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