domingo, 17 de julho de 2011

O Milionário

“Ah se houvesse um Deus... Como se um Deus pudesse permitir as agruras que correm o mundo”...

Ouço quieto, rio de mim mesmo por dentro... Deus não precisa de mim para defendê-lo.

Aquele que é, É.

Uma formiga querendo ensinar o Criador...

“Deus existe?” Rio de novo. Esse tipo de pergunta não se faz... Apenas tire os olhos do umbigo.

Eu, sentado aqui na minha cadeira, em minha casa, na minha cidadezinha, nesse País chamado Brasil, vivendo com outros 6 Bilhões de seres humanos num planeta que é uma poeira dentro da Via Láctea, que por sua vez é uma entre milhares de galaxias em todo esse universo... Se eu, essa ameba cósmica, sei que existo, porque Deus não existiria?

Porque do contrário, se não há Deus, se não há uma consciência superior, então eu me torno o próprio Deus da existência...

O Sol é um corpo celeste lindo e grandioso, mas ele é menor do que eu, porque eu tenho Consciência, ele não.

E quão infeliz eu seria, então, submetido a uma existência onde eu sou o limite de mim mesmo.

Graças a Deus que não nasci para ser escravo de minha própria mediocridade.

Aliás, se não houver uma consciência superior, que dite a verdade na mente de cada ser humano, se não for assim, quem poderá definir o certo e o errado? O Prazer? Porque existem pessoas que tem prazer no mal...

Então seria o bem da sociedade a ditar as regras? E o que define uma sociedade sã? O Império Romano era são? Grandioso, sim. Um legado para o mundo, sim. Mas tudo a base de pilhagens, escravos, estupros... As sociedades Gregas? Muito menos... E o que dizer dos Chineses, dos Babilônios, dos Egípcios? E o que dizer dos Nazistas, ou dos Soviéticos, a pouco mais de 60 anos?

Como disse Dostoyesvisk, se Deus não existe, então tudo é permitido... E matar, só um apagar de luzes...

Mas volto a pergunta inicial, Deus é mal por permitir o mal?

Olho para minha filha de dois anos, bem a minha frente agora. Se eu agisse conforme a sua vontade, sendo sempre bom conforme ela entende a bondade, ela se tornaria uma pessoa horrível, se a sua mente não a salvasse, tornando-a louca.

Olho para mim, e sei que fui salvo de mim mesmo, por muitas das pequenas calamidades que me acometeram na vida.

Alguém que é retirado de suas próprias dificuldades do dia a dia, sem que isso esteja associado a um recebimento de luz interior equivalente, surta.

Me lembrei de um senhor de meia-idade, que a alguns anos ganhou na loteria, se tornando milionário do dia para a noite. Antes mesmo de se apresentar na lotérica, tentou divorciar-se de sua esposa, para não dividir com ela o prêmio. Em seguida, esse homem míope de alma, surtou, e enxergando apenas peitos e bunda, casou-se com uma vigarista, que em meses o assassinou.

O oposto não deixa de ser verdade, e citando novamente Dostoyesvisk, até um homem débil, se passar por sofrimentos profundos, tem grandes chances de se tornar um ser bom.

Mas e os grandes desastres da vida, as grandes chacinas e genocídios?

Ora, isso só pode ser entendido como “bem” de Deus, se houver fé de que a vida não acaba ao apagar de luzes desse mundo.

Quando vejo um massacre como o do campo de refugiados de Ruanda, lembro-me de Kirkghard, que dizia que quando a vida se torna um inferno, a morte se torna vida.

O interessante é que as pessoas que sobrevieram a essas loucuras, como os sobreviventes dos campos de concentração, não põe a culpa em Deus, nem reclamam da vida. Sabem que a culpa não é de Deus, sim, eles conhecem as caras e os nomes dos filhos da maldade.

Quem costuma colocar a culpa em Deus geralmente está ocupado demais para diminuir a dor do próximo.

Que não seja assim entre nós.

Quanto a mim, continuo minha caminhada, sabendo da minha limitação e da minha ambigüidade, olhando para Jesus, autor e consumador da minha fé, pedindo que ele me torne todo dia mais parecido com ele, não que eu seja, mais caminho não com pouca luta, pedindo que Ele me livre do mal, que me livre da tentação que minha alma me impõe, que tenha misericórdia de mim...

E descanso Nele, que pagou com o que há de mais precioso, com seu próprio sangue, a minha salvação, o meu perdão, me fazendo milionário, não um milionário qualquer, mas um que ganhou o tesouro da consciência de se saber amado por Ele, para além de tudo e de todos, para além da dor e da alegria, da vida e da morte.

Italva,
Leo

Nenhum comentário:

Postar um comentário