quinta-feira, 19 de maio de 2011

A figueira no baile de máscaras

A passagem em que Cristo, já perto da crucificação, avista logo pela manhã uma figueira cheia de folhas, e aproximando-se dela a amaldiçoa por não achar nela frutos, secando a árvore ao longo do dia, sempre me soava estranha...

Recentemente, aprendi um pouquinho da botânica das figueiras, e dessa específica em Israel: No inverno elas perdem todas as folhas, depois florescem, os frutos começam a crescer e poucas folhas com eles, e só depois a folhagem densa volta, estando os frutos maduros quando as folhas estiverem bem viçosas, lá para junho.

Pois bem, na páscoa, em abril, todas as figueiras estavam sem folhas, menos esta. No entanto suas folhas não eram acompanhadas de figos...

Quando Jesus amaldiçoa a figueira, está fazendo uma parábola do que era aquela geração, sobretudo os religiosos e os líderes do povo: gente da mentira, que gosta de mostrar que é algo muito bonito, mas que não carrega nada em si mesmo. Gente estéril, gente sem vida. Gente que cria um "status" para se aproveitar do outro, gente egoísta e narcisista.

Ele não amaldiçoou nenhuma figueira por esta não ter frutos, o problema era a
aparência, a hipocrisia, a máscara, o engano.

Que Deus me livre de levantar máscaras. Que me livre das folhas de figueira que eu uso para esconder quem sou de verdade. Interessante, Adão usou folhas de figueira para esconder o que tinha vergonha.

Afinal de contas, qual o problema de mostrar a cara, de ser quem realmente é, de dizer o que acredita? Porque este compromisso tão aferrado à média da sociedade, a ser o que os pais querem ou o que os amigos ou o cônjuge esperam? Não estou falando em desagradar o que me amam por si só, mas de viver uma mentira... Seja lá porque razões forem.

Onde entra a luz não sobra espaço para a mentira.

 De fato, a figueira só dá frutos depois de um período de sequidão. E quem não mostra a cara, quem não deixa as folhas caírem quando o inverno chega, nunca terá seu tempo de flores, quiçá frutos.

Para todo inverno há seu verão, e vice-versa. As dificuldades sempre hão de vir, a seu tempo, e por incrível que pareça, para nosso bem. Por isso encare-as como o que são, processos naturais da vida, e não se esconda nas folhas de Adão, por culpa e vergonha, antes apresente-se "nu" diante de Deus, confiante que a hora de mudar a estação da vida chegará, porque o mais importante já foi feito, o Cordeiro já deu sua "pele" para nos cobrir.

As folhas de Adão, se ficarem tempo demais na figueira da vida, podem tornar-se tão duras quanto o coração dos fariseus, que transformaram seu zelo de seguir um conjunto de regras difíceis em um motivo de perseguição daqueles que não eram tão "eficientes" nestas exterioridades, e transformaram sua frustração com o que advinha dessa vida em atitude mesquinha e gananciosa para com o povo. Tudo com aquelas auréolas de anjo barroco, de quem quer se fazer sagrado. 

Então não brinque com isso. Porque a vida para qual Jesus nos chama definitivamente não é um baile de máscaras!

Para terminar, repito Habacuque, profeta de Israel, pedindo a Deus que tenha a mesma força dele no dia mal, e possa dizer que "ainda que a figueira não floresça, nem haja uvas na vide, e falte o fruto da oliveira, e os campos não dêem mantimento, ainda que não hajam ovelhas no aprisco nem bois nos estábulos, ainda sim eu exultarei o Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação". Amém.

Leo
Macaé

2 comentários:

  1. Obrigado por sua visita, gostei muito dos textos (li dois e gostei). Estou incluindo o irmão na nossa lista de blogs "Eu Leio". Tem toda minha força e apoio irmão! Vamos impactar a net com a mensagem da graça!

    +Rev. Marcelo Lemos
    www.olharreformado.com

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  2. Inclui, mas parece que o Feed do seu blog não está legal, não consigo receber suas postagens lá no Olhar Reformado.

    Abraços.

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