"Se alguém quer seguir-me, negue-se a si mesmo, cada dia tome a sua cruz, e me acompanhe. Porque quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perde-la por minha causa, encontrará a verdadeira vida."
O chamado de Jesus para ser seu discípulo é tão claro que contrange tentar explica-lo.
O chamado é para todos, óbvio. Mas apenas um louco o seguiria se não crer que Jesus é o próprio Deus em forma de homem.
Ora, aos que não crêem, apenas posso dizer: leiam os evangelhos, leiam o sermão do monte, tentem praticar seus mandamentos de perdão, generosidade, amor prático e contentamento, pelo menos por uns dias... então pessam a Deus luz sobre isso. Deus não desampara seus filhos, e acho que vocês vão surpreender-se!
Aos que crêem, se realmente crêem, há ainda uma ressalva: "se alguem quiser"...
No auge da popularidade de Jesus, um rapaz disse-lhe: "Por onde quer que fores te seguirei". Ele imaginava que estava seguindo o messias segundo o entendimento dos judeus da época, um messias que seria rei, expulsando os romanos do país, subjulgando a liderança religiosa que os oprimia, fazendo chover pão do céu, transformando o deserto em campos cultiváveis, que curaria todos os doentes, enfim, ele cria no Jesus da teologia da prosperidade, da igreja Universal, da Mundial, da Internacional, etc; ele cria que ia "se dar bem", faturar um emprego público no novo reino...
A ele e a todos os que pensam assim Jesus diz: "as raposas tem covis e as aves do céu tem ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça". Vai para casa, rapaz, e quando você estiver disposto a ter com Deus algo além de uma relação de barganha, de troca pagã, algo além do que se faz na macumba, algo além de um despacho de dízimo, então eu te chamarei a seguir-me.
Será que os que dizem crer, crêem como quem acredita na tradição passada de família, que faz do filho de católico ser católico, do filho de budista ser budista, do filho de evangélico ser evagélico?
Ou crêem cheios de fé, de certeza, de convicção que rasga a alma, que põe uma marca de ferro quente no coração?
Jesus, depois de dizer para o rapaz que não tinha nem onde dormir, se dirije a um outro: "Segue-me". Este nega o chamado, pondo uma tradição como desculpa. "Senhor, preciso esperar que meu pai morra para enterrá-lo (tal qual a nossa lei e nossas tradições judaicas nos ensinam) e só depois então eu te seguirei"
Claro que Jesus respeita, e na verdade, ensina, que os filhos devem ter cuidado com os pais, especialmente na velhice. Isso é evangelho, isso, mais que evangelho, é o mínimo de amor prático que se exige de uma pessoa.
Seu pai está doente? Cuide dele. Sua mãe está sem dinheiro? A sustente pelo menos com o mínimo de dignidade que lhe é possível. E trate-os com amor, com o respeito que lhes é merecido, e com o respeito que não lhe fizeram merecer, se for o caso.
Mas pai nenhum pode se interpor entre tu e o evangelho!
Quando a mãe de Jesus e seus irmão vieram prende-lo porque acharam que Ele estava surtado, Ele nem os recebeu, apenas disse para a multidão, quando o avisaram que sua mãe e seus irmãos estavam lá fora, querendo falar com Ele: Quem são minha mãe e meus irmãos? Não são aqueles que fazem a vontade de Deus?
No entanto, na Cruz, Ele pede que João passasse a tratar Maria como mãe, que cuidasse dela.
Esclarecida a questão do trato de amor prático de um filho para com o pai, voltemos ao que de fato Jesus tratava com o rapaz que colocou a tradição de morar com os pais até que morressem como desculpa para negar o chamado. Você de fato crê a ponto de seguir a Jesus para além da religião? Das tradições de família? Para além do sistema e da sociedade? Para além até mesmo da reputação, dos que os outros vão dizer?
Então deixe os mortos sepultar os mortos! Enquanto a ti, vem e segue-me!
Então deixe a religião morta enterrar a religião morta! Enquanto a ti, siga a Jesus!
Então deixe os costumes e as tradições dos seus pais, que se interpõem ao evangelho, partir com eles. Mas não deixe de seguir a Cristo!
Um terceiro rapaz, vendo o que tinha ocorrido com o segundo, disse a Jesus: Senhor, eu quero te seguir, mas deixa primeiro eu despedir-me da minha família. Jesus responde: ninguém que lança mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus.
Este também estava usando a desculpa da família para não seguir a Cristo. E repito, isso não era nem é um problema para Jesus. Afinal de contas, todos os discípulos iam e vinham, voltavam para suas casas, e depois iam ter com Jesus. Jesus mesmo não visitou a sogra de Pedro?
O evangelho não nos afasta de nossas famílias. Mas frequentemente usamos nossas famílias como desculpa para nos afastarmos do evangelho, do caminho do discípulo, do caminho da cruz.
A resposta de Jesus ao tercerio rapaz revela o que estava por trás daquela desculpa. Quem olha para trás, e contempla os pequenos luxos e facilidades que perdeu por causa do meu nome, esse não é digno de mim. Quem lança mão do arado e olha para trás, vai entortar a linha, vai passar por cima da terra que já foi arada, enbolando tudo, vai enterrar as sementes lançadas, deixando-as encubadas para a eternidade, vai até mesmo derrubar a junta de bois ou passar por cima de alguns semeadores. Estes não estão aptos para o Reino de Deus.
Você tem olhado para trás? Você sente saudades das mulheres que você tinha ou das facilidades de dinheiro ilegal que você deixou?
Ou você é daqueles que olham para seu passado, seus erros, e deles fica neuroticamente se lamuriando? Não faça isso, Ele já apagou seus pecados! Olhe para frente, olhe para |Jesus.
Acho que no final das contas toda essa conversa se resume em um ponto de fé, do que Ele é, mesmo, de verdade, para você.
Porque se Ele for mesmo o Cristo, o Salvador, o Deus em forma de gente, o Redentor desse mundo caído, desse povo todo preso a esse sistema de maldade e mesquinharia, então não há nada nem ninguém que se interporá entre você e Jesus. Entre você e a mensagem de amor prático pelo próximo que Ele ensinou.
Na verdade, ninguém se interpõem entre nós e nossa confiança. Nem Deus.
Aliás, em quem repousa nossa confiança? No dinheiro? Na capacidade de produzir, de gerar receita? No casamento? Na sua beleza? Na sua reputação? Em um pretença capacidade de ser justo e ser perfeito achando que você já agrada a Deus porque pensa que consegue seguir um conjunto de regras que foram postas a você como salvação?
Quem é o Deus de sua alma?
Porque se a sua resposta for Jesus, então prepare-se.
Pois ninguém pode levantar um prédio de 300 mil reais tendo apenas 100 mil para tal. Vai parar a obra no esqueleto estrutural, e todos de longe verão que você não sabia no que se tinha metido.
Sim, prepare-se, porque o caminho de Jesus é o caminho da cruz, é o caminho do enfrentamento em prol dos mais fracos, é o caminho do amor em mundo que jaz no maligno. É o caminhar com Deus sabendo que perderá muito e talvez até tudo que tange o "mundo material", é caminhar com uma cadeira elétrica nas costas, e isso não é uma metáfora.
Novamente eu pergunto, quem é o Deus da sua alma? Porque só estou repetindo o que Jesus diz ao longo de todo evangelho...
Morrer para viver... E esse aparente ambiguo caminho é a resposta para a ambiguidade da vida.
Se uma lagarta se recusa a encasular-se, nunca saberá o que é voar nem o gosto do nectar ou o prazer do sexo. Ficará na aparente segurança do gosto amargo das folhas verdes. E morrerá do mesmo jeito.
Sim, se a semente não morrer, não se tornará uma árvore.
Se não morrermos, não poderemos viver a verdade, de verdade.
Sim, essa é a resposta para mim. Preciso morrer, todo dia, para então nascer de novo, todo dia.
Ora, quem experimenta a verdadeira vida, a profunda certeza de paz que está para além de ter ou ser o que somos ensinados como importante, sabe do que estou falando.
Quem experimenta o perdão de Deus, a aceitação completa Dele, quem sabe que é amado por Deus do mesmo jeito que Deus amou a Jesus, esse põe a cruz no cangote, segue a Jesus, feliz da vida, com a certeza de que Ele nos guarda e nos proteje.
Mesmo quando sofremos, Ele nos protege.
E seja o que Deus quiser!
Leo,
Em férias.
Faz Peroba - Italva
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