segunda-feira, 21 de março de 2011

O carma não tem Graça

Recebi um email de um amigo, entitulado a Lógica da reencarnação, que é o uso do que os espíritas chamam de leis maiores (ou algo parecido).

A primeira é a certeza de que Deus é bom e que não produz sofrimento em ninguém, a não ser que a  pessoa mereça.

A segunda lei é o carma, que eles chamam de lei de causa e feito (aqui se faz, aqui se paga): do sofrimento de um mendigo até um cego ou uma menininha aleijada, tudo seria fruto desse carma, dessa necessidade que todos teriam de expiar (pagar em sofrimento) seus erros em vidas passadas nas vidas presentes, em um ciclo que os purificaria até o nirvana (ou algo parecido).

Com essas "leis" se explicaria o o sofrimento e as desgraças da vida. 

Isso também é uma alternativa para os que não aceitam que Deus, sendo bom e justo, mande tantas pessoas para o inferno de fogo e enxofre, para serem espetadas eternamente pelo diabo.

Eu gostaria de falar desses dois temas, não sem antes dizer a minha lógica, a minha lei, a minha chave de interpretação da vida:  Jesus Cristo.

Sim, carrego a Loucura de Cristo comigo: O Deus que se fez homem, nos mostrou a face divina de puro amor e perdão, no que dizia e em como se comportava perante todos, que morreu e ressucitou, e nos prometeu a vida eterna, a vida além da vida.


Em todo o resto, o que vale pra mim é o bom senso.


Sobre o inferno 


Nunca tive muitos problemas com o inferno, afinal, pelos escritos do novo testamteno, o inferno foi preparado para o Diabo e seus anjos, e o mesmo inferno será, em seu tempo, extinto. Não creio em seres penando para além dessa nossa dimensão temporal.


Infelizmente, algumas pessoas se fazem "demônios" ao longo da sua existência. Acho que elas não suportariam o céu. Acho que seu fim será a extinção. Jesus disse que nem os anjos saberiam distinguir essas pessoas entre nós, e novamente, parafraseando Jesus: "Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor! Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal."


Estranho, a religião é um reduto de gente muito má. Para mim, o julgamento de Jesus pelos líderes religiosos Judeus foi o grande circo infernal da existência.


A própria idéia do inferno foi gradativamente sendo hiper-inflada ao longo da história ocidental, a partir da institucionalização da fé em Jesus nesse negócio chamado cristianismo. Desde constantino (315 DC) que a idéia do inferno e de um Deus mal é usada para controlar e dominar as pessoas. A história fala por si própria...


Não misturo Jesus com a instituição (ou as instituições) que usam seu nome como fachada para seu arsenal de maldades. Pelos que estão dentro dessas instituições eu peço a Deus que livre esses líderes ignorantes e gente carente desse engodo que só serve para deixa-los, no final da história, com raiva de Deus, desperdiçando uma energia que poderia ter sido usada para o bem do próximo.


Jesus, ao contrário do cristianismo medieval (que ainda hoje influencia o meio dito cristão em um monte de coisas), mostra Deus como um Pai, e afirma que nós, maus e imperfeitos, não damos uma pedra quando um filho nosso pede um ovo ou uma cobra venenosa quando um filho pede um pão, quanto mais nosso Pai não deseja dar do melhor para seus filhos!

Voltando a questão da lógica: não há lógica em conceber um Deus menor que você, pior que você, menos compassivo e menos bondoso que você.


Jesus acrescenta: Deus não faz com que a chuva caia sobre bons e maus, justos e injustos? Então amem (com atitude pratica) e orem pelos justos e injustos, bons e maus!


Também diz: Não fiquem julgando (criticando) uns aos outros, porque com a mesmo gabarito com a qual vc mede, por ele mesma você será medido. Vivam e pratiquem o que vcs desejam que os outros vivam. 

Você percebe que esse "julgamento" está muito mais associado a nossa consciência, a nossa "lei interior e natural", do que a regras impostas guela a baixo?

Ora, e sobre os que nunca ouviram falar do seu nome, mas que o conheceram na prática do amor de suas vidas, Ele diz: "Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus".

Porque eu estou dizendo estas coisas sobre o inferno? Para que você se dê uma chance de conhecer o evangelho, para que você não associe Jesus a esse inferno medieval, para que você perceba que Deus não é esse punidor, muito ao contrário.

Perguntei a minha esposa, meses atrás, o que ela faria se nós tivéssemos três filhos, e Deus lhe pedisse que escolhesse um deles para ser sacrificado para que os outros pudessem ser salvos. Ela respondeu de pronto: eu pediria para eu mesmo ir no lugar deles.

Pois foi exatamente o que Ele fez. Jesus morreu na cruz, o próprio Deus, para que nós fossemos salvos. Todos nós.


Sobre as desgraças da vida


Minha sogra tem uma filha deficiente, por causa de um parto mal feito, parte de seu cérebro morreu. essa menina tem hoje cerca de 40 anos, sente raiva, alegria, tristeza e amor, mais não tem racionalidade nenhuma ou muito pouca, e dá muito trabalho: tem de ser alimentada, não toma banho sozinha, atormenta a mãe o tempo todo, de dia e de noite. Sabe o que minha sogra diz pra Deus? Apenas pede forças para continuar a cuidar da filha, e que a menina seja bem cuidada quando ela vier a faltar.


Deus não explica as desgraças da vida, mas nos ordena que ajamos esse amor prático para diminuir o sofrimento alheio.


Interessante que as religiões em geral giram em torno das regras de causa e efeito, propondo invariavelmente soluções de barganha com Deus.


Acontece uma desgraça, logo Deus permitiu que isso acontecesse por que eu de alguma forma o desagradei...


Assim as mulheres fenícias sacrificavam de uma vez só dezenas de recém-nascidos para alcançar a graça divina.


Assim, de uma só vez, mais de 15 mil escravos de guerra Astecas tiveram seus corações arrancados no alto de uma de suas pirâmides. Os terremotos cessariam, as chuvas voltariam...


Assim, pessoas sobem de joelhos a escadaria da Penha em prol de que algum milagre aconteça...


Assim, gente boa e carente pega todo seu dinheiro e entrega para uma instiuição que diz representar Deus, com a promessa de algum milagre em troca.


Não existem barganhas a se fazer com Deus, até porque o que poderíamos dar a ele?


Não existe um comportamento perfeito com o qual consigamos comprá-lo!


Matar é errado? Claro. Jesus abre a questão: Você, que já se inflamou em ira, pensa que é melhor que quem matou alguém. Ele teve uma arma na mão e você não. Mas eu não faria isso nunca... Será mesmo? Mesmo se você tivesse a criação e as experiências de vida que produziram os processos mentais viciosos que operaram nesse indivíduo?


Adultério é errado? Claro. Quem cobiça o outro com intenção impura adulterou com ele. Só não teve a chance...


De fato, todos carregamos a culpa intrínseca de não sermos o que queremos que os outros sejam.


Jesus pagou o preço dessa dívida que nós temos com a existência. Paulo diz que o escrito de dívida que havia contra nós foi cravado na cruz, anulado de uma vez por todas!


Eu não mereço essa Graça, esse perdão incondicional de tudo que fiz e que ainda farei de errado. Apenas olhei para a Cruz, ouvindo Cristo berrando ao entregar seu espírito: Tetelestai - Está consumado! Está cumprido!


Meus pecados, minhas culpas, minhas falhas, meus defeitos: foram esquecidos, foram perdoados.


Essa é minha loucura, a loucura da cruz, ilógica porque a sua lógica é produzida a partir de fatos que apenas meu âmago podem experimentar.

Leo
Macaé

Nenhum comentário:

Postar um comentário